quarta-feira, 15 de junho de 2011

O NÃO nos faz crescer

Para alguns teóricos do desenvolvimento humano, ao nascer, o indivíduo tem uma mente em branco, vazia, desprovida de quaisquer conceitos e parâmetros.
Nessas condições ele não consegue diferenciar o que é ele e o que não é. Ou seja, ele não sabe o limite entre ele e o mundo.
Para aquele ser pequeno ele é tudo e tudo é ele. Não há limites demarcados. O mundo é uma extensão do seu corpo e de sua mente.

Como então ele começa a perceber os seus limites e finalmente chegar à conclusão de que há todo um mundo fora dele?

Conforme se relaciona com o mundo ele tenta controlá-lo e um dos seus primeiros objetos de manipulação é a mãe.

Através da relação com a mãe ele vai adquirindo a noção de que nem tudo está sob seu controle e a cada frustração seus limites vão sendo traçados e sua personalidade vai sendo forjada.

É fácil concluir que se a mãe atende de imediato a todas as vontades do filho sem causar-lhe nenhuma frustração ele vai pensar que a mãe está sob seu controle e não estabelecerá limites em relação à ela. Ele a considerará com uma extensão sua.

Na medida em que a mãe se mostra tranquila e atende a criança no seu tempo, sem estresse, sem correria e sem exageros, permite que a mesma desenvolva a capacidade de esperar e a noção de que nem tudo está ali por causa dela. A criança aprende que existe todo um mundo fora dela e que esse mundo caminha à sua revelia. Aprende ainda, que para tirar proveito desse mundo ela deve aprender a se relacionar bem com ele.

É muito importante sabermos que o excesso de permissividade não contribui muito para o crescimento pessoal e que os limites são mais introjetados através do NÃO e das privações.

Vejamos um deficiente visual que se encontra numa sala desconhecida. Para tomar conhecimento do ambiente e montar uma "imagem mental" do mesmo ele começa a tateá-lo. Ao passo em que vai esbarrando, ou seja, conforme vai sendo bloqueado por móveis, paredes, cadeiras e outros objetos é que ele vai construindo a noção daquele espaço. Sem esses limites, que em princípio bloquearam seu movimento, ele não conseguiria tomar conciência do espaço que o cerca.
Imagine-o agora num espaço aberto, uma praia por exemplo. Como explicar para ele o que é o mar? Como transmitir a idéia de imensidão? Como explicar o que é um horizonte? Seria certamente algo muito difícil.

Notemos que não estou dizendo que um pai, por exemplo, deva sempre dizer não a um filho ou que uma mãe deva privar seu filho de momentos felizes. Não é isso.

O que digo é que uma permissividade excessiva vai contribuir para a construção de uma personalidade egoísta, manipuladora, individualista, insensível e com uma visão distorcida da realidade. A noção do limite eu-mundo poderia ficar comprometida.

Portanto, não tenha medo de dizer NÃO. Faça-o por amor.
Eduque sem exageros. Opte pelo equilibrio, pelo diálogo , seja justo e firme na hora que precisar.
A divindade que há em mim reverencia a divindade que há em você. Namastê

2 comentários:

Carla lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla lopes disse...

Acho que o maior medo dos pais é não saber se exagerou em um SIM ou em um NÃO. Como atingir esse equilíbrio e ser justo? Dar ou tirar no momento e na dose certa? Acho que, realmente, o amor é que nos ajuda!!! bjo.