quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Caminho do Meio

Depois que abandonou sua vida de príncipe e saiu a caminhar estrada a fora em busca da verdade, Sidarta encontrou um gupo de homens sentados sobre uma grande árvore.

Esses homens eram muito magros, com cabelos e barbas enormes e estavam quase sem roupas. Eram os ascetas.

Sidarta se aproximou e disse algumas palavras de saudação mas não foi correspondido. Todos permaneceram imóveis e no mais absoluto silêncio.

De início Sidarta achou aquilo tudo muito interessante e propôs-se a fazer o mesmo com o objetivo adquirir o conhecimento supremo e o bem estar absoluto, o nirvana. Assim, desfez-se de suas roupas e dos poucos bens que ainda carregava e pôs-se a meditar juntos com eles.

Permaneceu com os ascetas durante alguns anos. Ficava quase sem comer, sem dormir e sem se mover. As restrições dos ascetas eram imensas, dolorosas e para quem buscava o fim do sofrimento aquilo parecia não funcionar muito bem.

Sidarta viu que aquele não era o caminho e continuou buscando até o dia em que se sentou debaixo de uma árvore e determinou que só sairia dali com a resposta que precisava.

Depois de longo processo meditativo e de resistir à diversas tentações, Sidarta conseguiu enxergar o caminho, a verdade e tornou-se o iluminado: BUDA.

Essa é uma forma muito simplória de descrever o caminho de um dos homens mais importantes da história da humanidade e que nos influencia até hoje. É lógico que todo o processo de evolução de Sidarta até tornar-se BUDA é muito mais longo e complexo. Mas o importante aqui é dizer que ele vivenciou os dois lados da moeda e tudo isso por escolha própria.

De príncipe à asceta, os dois extremos, ele ainda teve contato com toda sorte de doutrinas e filosofias orientais de sua época e no final conseguiu organizar o conhecimento que adquiriu no sistema filosófico-religioso que chamamos de Budismo.

Toda a doutrina do Budismo foi concebida em conformidade com a vida de Sidarta. Como exemplo, ele nos mostrou como é importante você não se apegar às coisas e nem mesmo à sua forma de vida. Enquanto ele esteve andando pelas margens do caminho, ou seja, pelas extremidades, não conseguiu ser feliz.

Daí, observou que optar pelo equilíbrio era a forma mais sensata de chegar ao objetivo que queria e assim definiu o Caminho do Meio, uma das quatro nobres verdades do Budismo e a opção de vida que Sidarta resolveu adotar dali pra frente.

O Caminho do Meio consiste basicamente em adotarmos a serenidade, a complacência e o respeito como postura de vida. É deixar que tudo flua a seu tempo, sem criar expectativas. É não apegar-se aos extremos, não ser radical e nem liberal ao extremo. É o equilíbrio.

Optar pelo caminho do meio como forma de vida é poder desfrutar de tudo sem se apegar a nada. Parece contraditório, mas não apegar-se a nada implica em não nos apegarmos a essa postura também. Ou seja, você é livre para agir um dia de uma forma e outro dia de outra. Não exija de você mesmo uma postura constante. Como tudo, nós somos impermanentes. É natural que mudemos de comportamento e de opinião constantemente. Isso é compreensível.

Por outro lado, como muitos pensam, seguir o caminho do meio não é ser indeciso e sem opinião, mas dar espaço às mudanças e aos valores. É ter consciência de que tudo é impermanente e que o apego gera o sofrimento. É questionar tudo, inclusive a si mesmo a todo momento e poder voltar atrás quando for preciso. Optar pelo caminho do meio não é ficar em cima do muro. É poder defender um ponto de vista mas sempre estar atento e aberto às posições contrárias.

BUDA pedia a seus seguidores que questionassem tudo, inclusive ele. Sua própria vida e trajetória são um exemplo de busca incessante e mudanças constantes de crença. Apenas no final, quando chegou à iluminação, constatou que seu sofrimento havia acabado e na condição de BUDA já não tinha mais apego a nada.

Fico aqui.


A divindade que há em mim reverencia a divindade que há em você. Namastê

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